'Agora é assim, de um lado a poesia, o verbo, a saudade.. '

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Entrando no M'Bororé - Quero-Quero

Lá vem o Vítor solito,
entrando no M’bororé.
E um cusco brasino ao tranco,
na sombra do pangaré.

Chapéu grande lenço negro,
Jeitão calmo de quem chega.
Na tarde em tons de aquarela,
lembra um quadro do Berega.

O flete troteando alerta,
bufa e se nega pra os lado.
E uma perdiz se degola,
no último fio do alambrado.

Apeia na cruz da estrada,
e seu olhar se enfumaça.
Saca o sombreiro em silêncio,
por respeito a sua raça.

Refrão:

Lá vem o Rio Grande a cavalo,
entrando no M’Bororé.
Lá vem o Rio Grande a cavalo,
que bonito que ele é.

Procura a volta do Pingo,
e alça a perna sem receio,
Enquanto uma borboleta,
senta na perna do freio.

Inté interte o cristão,
que se cruza campo a fora.
Mirar a garça matreira,
no seu pala cor de aurora.

Pois lá no rancho de leiva,
que ele ergueu com seu suor,
fica um sonho por metade,
de quem vive sem amor.

Num suave bater de asas,
cruza um bando sem alarde.
E as garça e o Vítor somem,
lá na lonjura da tarde.

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