Por Silvia Mendonça
No dilúvio da noite,
a arca do teu corpo em mim navega.
...perdido entre minhas longitudes
e teus trópicos de desassombro.
Neste nosso encontro de carnes,
a vida baila na coreografia do reconhecimento.
...na geografia dos nossos corpos,
tocas meus continentes de eternidade.
Montas meus flancos de mulher
com teus rituais de homem.
...envolve-me em sentimentos corsários
enxuga-me em teus flamejantes desejos.
Vens com promessas esgarçadas,
pecados de coral, corando-me,
...entre angras de ternura
acampas em mim para indagar de ti.
És escuna flutuando
em meus litorais secretos.
...és náufrago perdido
em minhas ilhas de êxtases.
Quando, à meia-noite,
os ponteiros se amam,
...entrego-te o colar dos minutos
que passamos juntos.
Teus dedos ainda tateiam
sobre a pele da manhã despudorada,
...revelando o sátiro vestido
de neblina entre árvores despidas.
Em meu corpo, o rito da chegada
dá lugar à celebração do amor.
...em teu corpo, minhas sensações
enroscam-se na tapeçaria da paixão.
De noite em noite,
vamos inventando o dia...
... o dia em que serei tu
à minha espera.
Neste momento o sol chega
em pranchas de nuvens.
Agora sou terra
... e tu florindo em mim.
[* Inspirado em frases de "Rituais",
de Paulo Bomfim e Dudu Santos]
[MENDONÇA, Silvia - Recanto das Letras - URL: http://
[Foto: Google]